Sunday, July 01, 2007

O brio da noite

Hoje, a noite se abraçou,
E eu abracei uma flor
Que não murchou
Diante do sabor
Do frio.
Pois é,
Tem dia que há brio,
E outros um tamanho breu,
Que nenhum deus
Saberá dizer porquê.

Hoje à noite eu andei veloz,
Eu falei de nós,
Eu vi as ruas vazias,
Senti as mãos frias,
Mas sorri quando estive a caminhar,
Porque meus olhos alcançaram o luar,
Porque meus passos navegaram ao chão,
Porque minhas idéias abraçaram o meu coração.

Hoje à noite ela sorriu pra mim,
E eu vi que o fim
Está longe de começar,
Num lugar bem distante
Que não me ocorre agora pensar.

Hoje à noite,
Dia de São João,
Eu senti um gosto danado de Brasil,
Assim salgado, que nem caldo de feijão,
Senti também que não é o argumento
Do tempo
Que dá jeito na gente,
É a gente com jeito
Que faz o presente.

Hoje á noite
Eu me achei como poeta,
E um poeta dela,
Que desvela a ela
E a todos nós.

Aqui, minha poesia se entrega à foz
Do rio da noite,
Acreditando que assim como as palavras,
As águas merecem respeito,
E por isso levo no peito
Esperança
E uma lembrança
Duma noite em que a vida
Me abraçou de confiança,
E disse:
“Vai sonhar, meu rapaz! Vai, que esse sonho vai te ancorar de paz.”