Saturday, December 30, 2006

Manifesto do Calango Torto

nasci no êxodo, no exílio. nasci na contramão, na cidade menos favorecida do brasil - a cidade mais comercial deste mundo. feira de santana, Princesa do Sertão, assentada no agreste. inté nisso o povo escreveu errado! eta cidadezinha nojenta! cidadezinha retada de quente. ê cidade pra ter gente pra gostar de contar estória! todo mundo é repentista lá. cidade do caos, do sol, cidade das bonança, dos vaqueiro, dos enrolador de gente, cidade de um povo abestado a querer ser chique. os rico diz tudo que são da capitá, os pobre diz tudo que são do interior. e quem é de lá? sou eu? sou eu calango torto? sou eu. sou eu sim sinhô e sim sinhora. sou eu cabra retado, martratado nas angústia de viver ali sem um tostão, sem uma câmera na mão, mas com milhão de idéia e um coração sem juízo. pois então, é lá daonde eu vim e é pra lá donde eu vou, donde eu quero vortar estorvando e cinemando que nem um cabra da peste.

eu sou demais um sonho. sou o sonho. e isso é de menos e de mais, demais.

O lixo homônimo

Aqui,
Nessa luxúria da solidão
Me trajeto ao lixo homônimo
Que o luto me alcançou.

Pois deveras varejo,
Eu vario
E traquejo
Energias competentes pra vanguardiar.

Causo-me a causa
Dos nascidos em três de julho
E dos inviolados poetas curvos
Que sentiram a dor do mundo com todo peso nas costas.

Eu cansei de fabular o amor
Este de par, dos meus tempos remotos,
No trânsito e na ordem,
Posto que à margem da loto e ao fado da dor.

Hoje sairei à tardinha,
E amanhã virá um novo ano,
Mais leve, mais ousado,
Pra gente transar inté de se acabar.

Monday, December 25, 2006

em qualquer cidade deserta
eu atolei de elocução.
escutei os aflitos
e elaborei discursos
entre hectares de epifanias
e espécies de homens.
Eita!
é estória pra boi dormir
e causo que eu só sei
explanar
entrecortando.

Feira de Santana me desanima menos que o dia de ontem.

é sabor de pessêgo

falo de cevada,
mas me apetece em sabor
o pessêgo
que não se encontra no Agreste da Bahia.

um cheiro no coração dos fedorentos

cansei de vestir o preto

a métrica de hoje mora na outra rua,
quase esquina com a minha residência,
digna de bares e lorotas,
passeios e abstrações
- relativismo.

amanhã
sem manhã nascerei
e mesmo que não me aconteça suar,
vestirei a cor da perspectiva,
a cor do estandarte palhaçudo e soberbo e culto
de mim mesmo.

pronto! tá feito.
tem pão e leite,
margarina e fruta.
puta!
eu já não sou mais o filhinho de mamãe.
Virei Seu menino, mangueei.