Sunday, January 20, 2008

Melodia do dia

Domingo, melodia do dia,
Beirando à tarde,
Três poetas velosos,
Rugosos,
Se coçaram pra fabular
O que há
De gostoso no bojo da vida.

Música - gozo sem rúbrica.
Sol que se levanta
E acossa Hemingway em nós
Timbre de voz
Que assalta a vítima santeira
E enobrece a puta algoz.
(Gosto é de calor, companheira!)

Sem essa,
Meu turno diurno
Cabe na órbita de Saturno,
Assim astuto
diante de uma serpente.

Mulher é boa quando é quente,
Quando sente,
Quando tende
A ser só,
A ser só livre,
A ser única.

Túnica,
Por mais que eu tente,
Ela não me veste sem você.
Ora bolas!
Também não me estresso,
Amanhã, no meu expresso,
Haverá de ter sorvete com sabor quimera,
E a galera
Vai zoar de mim
Por eu estar metido em minha era
- primavera, uma flor nasceu aqui.

É você, morena.
É a noite que vem chegando,
Que vai me dando uma pequena
Aversão ao mundo.

Acho que é por causa das notícias que me chegam do horror das urbes:
Pela violência no trânsito,
Pelo desrespeito com que os funcionários das multinacionais,
e principalmente
os donos, tratam seus clientes,

Pelas correntes ortodoxas da Igreja,`
Pelas cervejas que não tomei ontem,
Por anteontem, dia em que não dei bom dia a pai.

Ah! Morena,
Bem vais ver,
Meu curso é rústico...
E veja você:
O tempo acendeu seu crepúsculo,
E os músculos do mundo
Ergueram o luar
Pra daqui de baixo da minha cabana
Eu, em chama,
Olhar
Você.