Houve um tempo
Em que eu era palhaço
E você platéia
Houve um tempo
Em que eu apressava o passo
Mas você confrontava idéia
Houve um tempo
De brincar de bola
De colher a lenha
Houve um tempo
De pisar na sola
De contar resenha
Houve um tempo
De ser muito criança
Houve um tempo
Remoto de esperança
- este que afluiu,
assim como um rio
que deriva em sua pujança.
Ah! Meu caro,
Houve um tempo
E haverá muitos outros,
Sempre,
Porque os outros
É que nos faz inteiro,
E aqui, ligeiro,
Me entrego ao tempo da gente,
Do qual espero
Um sol poente
Pra iluminar
E desfazer nossa contradição.
(Quebremos o quebranto!)