Há tempos que o vento de maio
Sacode o mundo com seus tentáculos,
Seja no meu quintal,
Nos rubros crepúsculos,
Na queda livre das mangas,
Seja nas greves dos trabalhadores.
Maio é mês das mães e dos amores,
Mês em que conheci uma garota
Num porto distante deste qual agora embarco,
Venta, é tarde, e logo vai ser noite.
Maio é assim: chove e as lágrimas do céu
Escondem o sorriso do sol.
Os galos já não cantam em alvorada
Os pássaros, estes se abrigam debaixo das árvores,
Os telhados, imundos de folha e de dor,
Sentem a falta dos gatos e dos seus zunidos de amor.
Maio é uma angústia só,
Verdade que lá do outro lado do mundo,
No hemisfério onde as pessoas se tratam com mais dureza
E menos calor,
Verdade que eles não comem manga como a gente,
Tampouco assistem aos infortúnios e mortes causados pela chuva,
Porém, sofrem da mesma tragédia
Que é a inveja e a justiça dos homens.
Maio é mês de revolta,
Das revoluções,
Mês de ver o cabelo abanando contra o vento,
De sentir o movimento das massas,
Dos móveis nos cômodos da casa,
Mês de fazer diferente.
Hoje, que é maio e que é domingo,
Sinto o frio do suor que alcança a gente,
Este quando a dor está presente,
Quando o tempo é de esperar.
E por amor,
Vale tudo,
Vale até morrer
Como o sol de maio.
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